Grão ardido de milho: saiba reconhecer e faça o manejo efetivo

O grão ardido de milho pode reduzir a produtividade. Saiba como prevenir e proteger sua lavoura contra os fungos!

6 de dezembro de 2024

Por Sementes NK

O grão ardido de milho é responsável por reduzir a qualidade e a produtividade do milho. Isso ocorre pela incidência de fungos que causam as podridões da espiga.

Esses fungos no milho, quando produzem toxinas (micotoxinas), representam risco à saúde humana e animal.

É fato que o milho é um dos grãos mais produzidos mundialmente e, no Brasil, faz parte de inúmeras propriedades.

Ele está inserido no sistema de rotação de culturas, proporciona palha residual para culturas sucessoras e é empregado em diversas propriedades como segunda safra, sendo cultiva após a soja como milho safrinha.

Devido à sua importância, é necessário atentar-se à prevenção e ao controle do grão ardido para obter a qualidade do milho e proteger sua valorização no mercado.

Neste conteúdo, você conhecerá melhor o que é grão ardido, os tipos de fungos de milho ardido e estratégias eficazes de como evitar grãos ardidos no milho. Aproveite a leitura!

O que causa o grão ardido de milho?

Segundo Circular Técnica 66 da Embrapa sobre Grãos Ardidos em Milho, os grãos de milho podem ser atacados por fungos em dois momentos:

1. antes da colheita, causando podridões nas espigas e formando os chamados grãos ardidos;

2. depois da colheita, durante o beneficiamento, armazenamento ou transporte, quando os grãos podem ficar mofados ou embolorados.

Para saber se uma espiga tem grão ardido, ela deve ter pelo menos um quarto de sua superfície com descolorações que podem variar de marrom claro a roxo ou de vermelho claro a vermelho intenso.

Figura 1 - Grão ardido de milho Figura 2 - Grão ardido de milho

Imagens extraídas da Circular Técnica 66 da Embrapa sobre Grãos Ardidos em Milho. 

Os principais fungos causadores das podridões do milho são Fusarium, Diplodia, e em menor escala Aspergillus e Penicillium.

Esses fungos estão presentes por todo o País, mas cada região tem uma doença mais comum, influenciada principalmente pelo clima e pelas práticas de manejo adotadas.

Em regiões tropicais, tem se observado o predomínio de podridão branca da espiga causada por Stenocarpella spp (Diplodia spp).

Quando a temperatura do ar é superior a 25°C e a umidade relativa do ar é superior a 90%, os esporos desses patógenos são liberados e disseminados pelos respingos de chuva e pelo vento, chegando à base dos colmos, às axilas foliares e à base da espiga.

Já em temperaturas amenas, como no Sul do País, a podridão mais comum é a Fusarium.

Confira a seguir alguns aspectos importantes sobre essas doenças do milho.

Grãos ardidos por Diplodia (Stenocarpella maydis e Stenocarpella macrospora)

A podridão branca da espiga é causada pelos fungos Stenocarpella maydis (Diplodia maydis) e Stenocarpella macrospora (Diplodia macrospora).

As espigas infectadas apresentam crescimento micelial branco entre as fileiras de grãos (imagem 1), deixando os grãos com coloração marrom e baixo peso (imagem 2).

No interior da espiga ou nas palhas das espigas infectadas, há a presença de numerosos pontinhos negros, chamados de picnídios (imagens 3 e 4), que são as estruturas de frutificação do patógeno.

Figura 3 - Grão ardido de milho

É comum que os sintomas se iniciem pela base da espiga, podendo progredir até o ápice. Porém, em algumas condições, os sintomas podem ser observados inicialmente no ápice da espiga sobretudo em condições de mal empalhamento ou em caso de danos aos grãos, que geralmente ocorrem na ponta da espiga, decorrentes principalmente do ataque de pragas (CASA et al., 2006).

Além disso, é possível observar mudanças visíveis causadas pelos fungos:

despigmentação das brácteas: as folhas que envolvem a espiga perdem a coloração natural;

coloração parda: as brácteas assumem uma tonalidade marrom, indicando danos ou deterioração;

palhas internas grudadas: as folhas internas da espiga ficam grudadas entre si ou aos grãos, dificultando a separação.

Outros danos e sintomas da Diplodia

Os fungos da Diplodia também são responsáveis por ocasionar a podridão da base do colmo e por promover a mancha foliar para o caso de S. macrospora. E o que isso significa?

A podridão do colmo interfere no desenvolvimento normal da planta, ocasionando na quebra da base do colmo, no acamamento e na morte prematura da planta.

No caso de podridão no colmo, os sintomas secundários se manifestam várias semanas após a polinização. Os entrenós basais das plantas infectadas apresentam lesões externas, de forma localizada, de cor parda à escura, iniciando preferencialmente nos nós (Figura 1).

Um sinal importante para identificar a doença é a presença de picnídios, pequenas estruturas reprodutivas de fungos, que aparecem agrupados nas lesões próximas aos tecidos dos nós.

Esses picnídios são mais comuns quando o tecido está envelhecido ou em processo de degradação, o que torna essas áreas mais vulneráveis à infecção.

As folhas das plantas infectadas murcham, tornando-se verde-acinzentada e secas, semelhante ao dano causado por geada.

O quadro sintomatológico inclui alteração da cor externa do colmo, da parte interna dos nós, e desintegração da medula, deixando apenas os feixes vasculares intactos (Figura 2).

Figura 4 - Grão ardido de milho

Além disso, é comum observar manchas foliares. As primeiras lesões aparecem como áreas amareladas, que depois ficam secas e mortas (necrose).

Elas têm formato irregular, geralmente medem de 1 cm a 3 cm, possuem coloração marrom e, às vezes, mostram círculos mais escuros ao redor do ponto onde a infecção começou (Figura 3).

As primeiras lesões também podem aparecer como pequenas estrias vermelhas ou marrons, que com o tempo aumentam de tamanho e se estendem ao longo da folha, podendo romper o tecido infectado.

Sobre o tecido já morto, é possível ver os picnídios do fungo, que se apresentam como pequenos pontos negros, localizados sob a superfície da folha, isolados ou em grupos (veja a figura 4).

As lesões maduras são longas, grandes e com formato elíptico, apresentando a cor verde-acinzentada. Elas podem ter mais de 10 cm de comprimento (Figura 5).

Prejuízos

No Brasil, tem-se observado alto potencial de perda produtiva em áreas afetadas pela Diplodia na espiga.

Segundo NAZARENO (1999), as perdas podem variar entre 12% e 40% no rendimento de grãos, com casos mais graves chegando a perdas de até 50%, como apontado por DENTI e REIS (2003).

Esses dados reforçam a necessidade de atenção e cuidados com esses patógenos.

Fonte de inóculo e infecção

A principal fonte de inóculo para Diplodia são os restos culturais de milho infectados, que ficam na superfície do solo de uma estação de cultivo para a outra.

Nos restos de palha, os fungos sobrevivem formando picnídios, que produzem e liberam cirros de conídios, os quais constituem o inóculo primário para as plantas do novo cultivo (CASA et al., 2006).

De acordo com CASA et al. (2003), esse inóculo pode permanecer viável em colmos de milho na superfície do solo por mais de 320 dias.

A semente também é uma fonte importante de inóculo. Quando ela é hidratada e entra em contato com a água do solo, o micélio do fungo, presente no endosperma ou no embrião, retoma sua atividade e começa a crescer de dentro para fora da semente.

À medida que o fungo cresce sobre a semente, ele alcança as raízes e o coleóptilo das plantas, e, ao colonizar o coleóptilo, o fungo chega à superfície do solo (CASA et al., 2006).

No plantio direto, os restos de milho ficam na superfície do solo, o que demora a decomposição e aumenta a sobrevivência dos fungos. Isso favorece a dispersão da Diplodia, especialmente na monocultura.

A infecção pode começar nas primeiras fases do milho, afetando o colmo e as folhas, e mais tarde a espiga, principalmente em clima úmido e temperaturas de 28°C a 30°C.

Manejo

A forma mais econômica e eficaz de controle é o uso de variedades e híbridos tolerantes a Diplodia.

Plantas com espigas bem empalhadas ou que pendem ao amadurecer dificultam a entrada de água e do fungo, reduzindo a infecção.

No entanto, outras medidas de manejo também são necessárias, pois não há híbridos com resistência total à doença: até os mais tolerantes podem ter altos índices de grãos danificados.

Tratamento de sementes

O uso de fungicidas ajuda a controlar a fonte de inóculo nas sementes e protege as plântulas contra infecções provenientes dos restos culturais.

Época de semeadura

É recomendável semear híbridos mais tolerantes à Diplodia durante períodos de maior índice de chuvas, especialmente após a fase reprodutiva.

Adubação

Após a floração, o milho direciona seus carboidratos para os grãos. Se não houver carboidratos suficientes, as raízes e a base do colmo envelhecem cedo, tornando-se mais vulneráveis a fungos.

A disponibilidade de nitrogênio (N) e potássio (K) é crucial para prevenir podridões, já que esses nutrientes ajudam a manter as células ativas e retardam a senescência. A falta de potássio pode reduzir a fotossíntese e acelerar esse processo.

Densidade de plantas

Estudos mostram que, seja em monocultura ou rotação de culturas, o aumento da população de plantas eleva a incidência de doenças no milho, como as podridões do colmo e o grão ardido de milho.

A relação entre a densidade de plantas e a incidência de doenças é clara, com o aumento significativo de grão ardido de milho quando a população de plantas é maior.

No entanto, antes de reduzir a densidade de plantio para controlar essas doenças, é fundamental considerar o impacto na produtividade e avaliar os benefícios em relação à redução da infecção.

Outros agentes causadores de grãos ardidos

Podridão rosada da espiga (Fusarium verticillioides)

Outra podridão comum causadora de grão ardido é a Fusarium verticillioides (F. moniliforme) ou, como é popularmente conhecida, podridão rosada da espiga.

A infecção nos grãos de milho pode começar pelo topo ou por outras partes da espiga, geralmente após algum tipo de dano, como por insetos, pássaros ou roedores.

Com o avanço da doença, a massa cotonosa avermelhada pode cobrir os grãos ou a palha afetada. Quando a infecção ocorre pelo pedúnculo, todos os grãos podem ser contaminados, mas a doença só se desenvolve nos grãos com ferimentos no pericarpo.

O crescimento dos fungos nas espigas é interrompido quando a umidade dos grãos atinge entre 18% e 19% (EMBRAPA 2005).

Embora os fungos possam ser encontrados nas sementes, elas não são a principal fonte de inóculo, mas sim a proliferação desses fungos e o resto de cultura de milho, onde eles sobrevivem e se multiplicam.

Podridão rosada da Ponta da espiga (Gibberella zeae)

A podridão de espiga, também conhecida como podridão de Gibberella (causada pelo fungo Gibberella zeae), é mais comum em regiões com clima ameno e alta umidade, como o Sul do País.

A doença é favorecida por chuvas após a polinização e começa com a massa cotonosa avermelhada na ponta da espiga, podendo se espalhar até a base.

Às vezes, a infecção pode iniciar na base e subir até a ponta, confundindo os sintomas com os causados por Fusarium verticillioides ou F. subglutinans.

O aumento da incidência dessa podridão ocorre principalmente em lavouras com cultivares cujas espigas não se dobram após a maturação.

Aspergillus spp. e Penicillium spp.

Além dos fungos que vimos anteriormente, os grãos de milho também podem ser contaminados por Aspergillus e Penicillium antes e depois da colheita. Eles são responsáveis por causar grãos mofados ou embolorados visíveis a olho nu.

A cor dos grãos pode variar entre esverdeada ou azulada e esses fungos produzem micotoxinas, substâncias tóxicas que afetam a saúde de animais e seres humanos.

Para evitar a infecção dos grãos por fungos que causam grãos ardidos, é essencial adotar várias medidas:

• escolher sementes de qualidade e com boa resistência;

• fazer rotação de culturas com plantas que não sejam suscetíveis a esses fungos;

• evitar o monocultivo;

• evitar altas densidades de plantio;

• realizar a colheita no momento certo;

• usar fungicidas para tratar os grãos seguindo as orientações técnicas.

Conclusão

O grão ardido de milho representa um importante desafio para a produção, pois impacta tanto a qualidade quanto a produtividade das lavouras.

As principais causas dessa condição estão associadas a infecções fúngicas, como as causadas por Diplodia e Fusarium, que afetam os grãos durante o desenvolvimento das espigas e podem continuar a prejudicar o milho após a colheita.

O manejo eficiente, que envolve práticas como a escolha de híbridos resistentes, o tratamento de sementes e o controle da densidade de plantio, é imprescindível para minimizar os danos.

O controle das infecções fúngicas, aliado a boas práticas de manejo, contribui significativamente para a preservação da qualidade do milho e sua competitividade no mercado.

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