Plantabilidade de milho safrinha: dicas para melhorar a semeadura e aumentar a produção

A plantabilidade é a chave para maximizar o potencial produtivo. O tema é tão importante que já o abordamos anteriormente – você pode conferir aqui. Nesta página, trazemos informações complementares da nossa equipe de Agronomia.

Quando falamos do cultivo de milho safrinha de sucesso, o primeiro ponto que nos vem à cabeça é ter uma lavoura bem plantada. Uma boa qualidade de plantio define componentes essenciais de rendimento, como a população de plantas e espigas por hectare, além da uniformidade na emergência. Isso resulta em uma competição equilibrada entre as plantas de milho, permitindo que cada uma expresse seu potencial máximo e aproveite melhor o solo.

Dessa forma, evitam-se as plantas dominadas, que têm seu potencial comprometido. Além disso, uma boa qualidade de plantio garante a implementação correta do posicionamento na melhor população e época.

Com uma boa qualidade de plantio, teremos dado o primeiro grande passo para uma boa produtividade. Afinal, é nesta operação que ocorre a maioria do investimento da lavoura.

Uma das formas de se medir a qualidade de plantio é por meio do coeficiente de variação. Ou seja, calcular a variação no espaçamento entre sementes na linha de plantio fora do ideal, conforme a população e espaçamento utilizado.

Vieira Junior e outros (2006) afirmam que, para maximizar a produtividade, a população recomendada deve ser alcançada e o coeficiente de variação deve se manter abaixo de 20%.

Em um estudo de Sangoi e outros (2012), concluiu-se que o rendimento de grãos diminui com o aumento da desuniformidade espacial entre as plantas na linha de cultivo do milho. Além disso, o estudo mostra que o estabelecimento de lavouras com maior uniformidade espacial permite que as plantas vizinhas recebam o mesmo fornecimento de substrato. Isso faz com que elas compitam de maneira equilibrada pelos fatores de produção (água, luz, nutrientes, etc.), aumentando o número de grãos produzidos por área.

Dicas para garantir a produtividade satisfatória desde o plantio:

– Adquirir sementes de boa qualidade. Estamos falando de qualidade fisiológica (germinação e vigor) e qualidade física (boa plantabilidade).

– Devemos entender claramente o aspecto agronômico da operação de plantio, definindo o objetivo claro de depositar a semente entre 4 cm a 6 cm de profundidade e o adubo a uma distância da semente, suficiente para não lhe causar danos.

– Normalmente a localização ideal do adubo é 5 cm abaixo e 3 cm a 5 cm ao lado das sementes; é importante que ao redor das sementes haja uma quantidade suficiente de solo em contato com elas, evitando-se bolsões de ar, para que o contato com o solo úmido seja garantido.

– Todas as sementes devem ser plantadas na mesma profundidade para garantir uma emergência uniforme.

– O próximo passo é a regulagem da plantadeira. Planeje-se para executar essa etapa com antecedência, pois se trata de um processo fundamental para entrega do plantio de qualidade que demanda tempo adequado para efetuar os ajustes necessários. Lembre-se de realizar esta etapa com a plantadeira já revisada.

Regulagem de plantadeira

Na regulagem, o primeiro ajuste deve ser a plantabilidade, para garantir o desempenho ideal das sementes. O que chamamos de plantabilidade, na prática, é a singulação: o processo de depositar uma semente de cada vez, por cada unidade de distribuição.

Esse processo evita que ocorram falhas e duplas ao longo da linha de plantio e que a distância entre sementes seja a mais uniforme possível. É importante realizar a verificação e calibração adequada de componentes, como:

– Disco e anel apropriados;
– Pressão de vácuo correta;
– Vedação eficiente da câmara de plantio;
– Estado dos raspadores e rosetas (ou espora);
– Ausência de folgas entre os componentes da plantadeira;
– Avaliação de possíveis desgastes;
– Uso adequado de grafite, entre outros aspectos.

Esse ajuste do equipamento é fundamental para distinguir claramente questões relacionadas à plantabilidade e à qualidade das sementes, assegurando assim um plantio preciso e eficiente.

Vale lembrar que a plantabilidade é o resultado da passagem de uma massa de grãos pelo sistema mecânico (disco e anel) ou pneumático, sendo um processo dinâmico. Portanto, só pode ser verificado na prática utilizando-se a plantadeira montada ou mecanismos de checagem, como as esteiras de simulação de plantio.

Teste de plantabilidade para plantadeiras com sistema de distribuição mecânico

Para o teste de plantabilidade e definição do melhor disco e anel, o fornecedor das sementes normalmente informa uma sugestão. Aqui já temos um ponto de atenção: é uma sugestão e não recomendação.

Por que somente uma sugestão? Porque não é possível prever as diferentes realidades que estas sementes vão encontrar na plantadeira, variando muito entre equipamentos, tratamentos, e outros pontos, de propriedade para propriedade. Por essa razão reforçamos a importância da antecipação de regulagem, dessa forma haverá tempo hábil para correções e ajustes.

Checagem ou regulagem da plantabilidade

A forma mais indicada é verificar a deposição das sementes no sulco de plantio, nas condições mais próximas da realidade. Ou seja, com a plantadeira que será utilizada e na área a ser plantada. As principais dicas são:

1. Utilizar o disco e anel sugeridos pela empresa fornecedora;

2. Certificar-se de que as sementes estejam com o tratamento que será utilizado no plantio e que esteja com a correta aplicação de grafite. Segundo a Embrapa Milho e Sorgo (Mantovani, 2021), a dose a ser utilizada varia conforme o formato e tamanho das sementes. Em média, devem ser utilizados de 2 g a 4 g de grafite por quilo de sementes chatas e de 5 g a 6 g por quilo de sementes redondas, aplicado após seu tratamento e secagem.

Outra forma de regulagem da plantabilidade, é com o apoio de equipamentos que simulam o plantio como as esteiras mecânicas. Na esteira, o procedimento é o mesmo quanto ao preparo das sementes e seleção dos discos.

O objetivo da regulagem é obter um padrão com, no máximo, 4% de duplas e 2% de falhas, conforme padrão Syngenta Seeds. Estes parâmetros já proporcionam potenciais produtivos sem perdas significativas.

Novos testes

Após a primeira tentativa, tanto na plantadeira quanto na esteira, caso o padrão de singulação ou plantabilidade não seja atingido, devemos realizar novos testes.

Para isso, é possível:

– Trocar os discos e/ou anéis conforme a necessidade.
– Aumentar ou diminuir o diâmetro do furo.
– Ajustar a altura do rebaixamento do anel.
– Alterar o formato do furo do disco.

Os ajustes devem ser feitos até se obter um padrão de qualidade aceitável.

Quando conseguir atingir o padrão satisfatório de plantabilidade, repita o teste para maior segurança do resultado.

Quando considero falha e quando considero dupla?

Falha: espaçamento entre sementes na linha, maior que 1,5 vezes o espaçamento desejado.

Dupla: espaçamento entre sementes na linha, menor que 0,5 vezes o espaçamento desejado.

Vejamos um exemplo de como saber a distância desejada entre sementes na linha de plantio:

Dicas práticas:

Leitura do teste e ação:

Para diminuir Falhas:
– aumentar diâmetro do furo ou;
– aumentar rebaixamento do anel.

Para diminuir Duplas:
– diminuir diâmetro do furo do disco ou;
– diminuir rebaixamento do anel.

Outras ações:
– Trocar o formato do furo etc.
– Verificar o sistema e componentes.

Após o ajuste de plantabilidade, o operador poderá seguir para os ajustes de quantidades de sementes por hectare, sendo mais simples, com fácil operação nas plantadeiras atuais. Importante lembrar que além do ajuste antecipado de quantidade de sementes por hectare, este é um parâmetro que obrigatoriamente deve ser testado novamente no momento do plantio e monitorado durante todo o processo, preferencialmente de hora em hora.

O monitoramento da qualidade do plantio é uma tarefa que não pode deixar de ser feita. As condições do solo e do ambiente variam muito durante o período de plantio, alterando a umidade. Podem ocorrer chuvas, ventos, altas ou baixas temperaturas, bem como umidade mais profunda ao final do dia e a noite. Estes fatores influenciam na emergência das plantas; por isso, é muito importante estar atento a estes aspectos agronômicos. Se necessário, pare o plantio e faça os ajustes. Um fator de sucesso é o monitoramento constante do plantio.

Nesta etapa também podemos fazer a regulagem da quantidade de adubo a ser aplicada, seguindo os mesmos cuidados que tivemos com sementes. Se não for possível a checagem frequente de dose de adubo durante o plantio, deve-se definir alguns indicadores para checagem. O mais comum é o controle do consumo de adubo. Alguns produtores também fazem a aplicação de insumos via plantadeira, como pulverização no sulco e até mesmo lançamento de outras sementes de culturas consorciadas, então este também deve ser o momento para os ajustes. Veja como é importante a antecipação e cautela nas regulagens.

Importante lembrar que o ideal é verificar todas as linhas da plantadeira, especialmente as pneumáticas, onde o leitor de pressão do vácuo é geralmente medido em somente uma das linhas. A leitura do manômetro pode não corresponder a todas as linhas.

As regulagens são influenciadas por diversos aspectos, assim seguem alguns lembretes importantes:

– Sempre utilizar discos e anéis novos. O desgaste altera as medidas;
– Utilizar grafite com distribuição adequada. O ideal é aplicar via equipamento de tratamento;
– Plantadeira sem manutenção pode induzir a erros na regulagem, assim deve-se garantir as revisões antecipadamente;
– Preferir sementes que venham com a informação de sugestão de discos e anéis na sacaria;
– Esteira de regulagem (ou outro equipamento) em perfeitas condições de uso;
– Singuladores (plantadeiras a vácuo), raspadores e rosetas (esporas) em boas condições e sem desgastes;
– Vedação de ar adequada em todas as câmaras e conexões das linhas de plantio, nas plantadeiras pneumáticas;
– Evite operar as plantadeiras pneumáticas com a pressão de vácuo nos limites máximos ou mínimos, isto pode gerar problemas de plantabilidade.

Velocidade de plantio

Um ponto que gera muitas discussões na operação, é a velocidade de plantio. Bottega e outros (2018) demonstraram que o aumento de velocidade de plantio interfere na precisão e na distribuição de plantas e que as velocidades de 4 e 6 km/ha foram melhores que 8 km/ha.

A velocidade de plantio realmente impacta muito a distribuição das sementes, o que pode levar a uma emergência desuniforme. Ela interfere na velocidade dos sistemas de distribuição, na eficiência dos implementos da plantadeira que atuam no solo, além de aumentar o nível de trepidação do equipamento e das sementes e adubo que carrega. Aqui é importante retomar os aspectos agronômicos do plantio, em proporcionar emergência eficaz e simultânea para todas as sementes.

Um plantio adequado acontece quando, na linha de plantio:

– A palha é cortada (plantio direto).
– O sulco é aberto.
– O adubo é colocado na profundidade desejada.
– As sementes são depositadas na profundidade correta e uniformemente.
– O sulco é fechado.
– A porção do solo sobre as sementes é levemente compactada.

Um aspecto essencial nas regulagens de plantadeiras é a segurança, que inclui o uso de equipamentos de proteção individual, o cuidado no manuseio e ajuste da plantadeira e a atenção ao trânsito de pessoas ao redor. Durante a movimentação dos equipamentos, é fundamental garantir a segurança de todos.

Lembre-se: uma lavoura de milho safrinha bem-sucedida depende de uma boa plantabilidade, que exige sementes de qualidade, planejamento, regulagem adequada dos equipamentos, organização e conhecimento do processo.

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